Muitas empresas estão adotando a flexibilização no trabalho. Afinal, essa prática pode ser bastante benéfica para os colaboradores e a organização, com o aumento da satisfação e da produtividade dos funcionários e a redução de gastos com horas extras.
No entanto, para isso, é necessário que o horário flexível seja implementado corretamente, para que a empresa não perca o controle sobre os processos internos. É importante avaliar se a própria estrutura do negócio permite esse tipo
Como funciona a flexibilização do trabalho?
A flexibilização é um modelo de trabalho em que os funcionários não têm um horário fixo para a entrada na empresa. Assim, nem todos entram às 8 ou às 9 e vão sair às 17 ou às 18. Cada um começa a trabalhar no momento em que for mais conveniente, dentro do funcionamento normal da empresa.
Dessa forma, uma pessoa pode chegar mais cedo em um dia e mais tarde no outro, de acordo com o que for mais adequado. Isso não significa que ela vai trabalhar menos ou mais, pois o regime de trabalho de cerca de 8 horas por dia, ou 44 horas por semana, deve ser mantido. Do mesmo modo, a remuneração também não muda.
Quais as vantagens do trabalho flexível?
De acordo com um levantamento da consultoria Bain & Company, 70% dos trabalhadores preferem trabalhar em um regime flexível. Ou seja, a flexibilização do trabalho é um anseio dos próprios profissionais, trazendo benefícios para eles e para a organização como um todo. Veja os principais a seguir.
1. Menos falta
Uma das vantagens percebidas em curto prazo é a redução dos atrasos e das faltas. Pois, com o horário flexível, o trabalhador pode conciliar melhor o trabalho com outros compromissos. Por exemplo, não precisa mais chegar atrasado para levar os filhos à escola ou sair mais cedo para ir ao médico. Independentemente da rotina que ele adotar, vai continuar trabalhando o mesmo tempo.
2. Maior produtividade
É fato que as pessoas são mais produtivas em horários diferentes. Se a empresa impõe uma mesma jornada para todos, é comum que os trabalhadores sejam mais lentos em alguns momentos ou até percam tempo procrastinando. Assim, a flexibilização do trabalho permite que cada funcionário escolha o momento em que é mais produtivo, aumentando a produtividade geral da empresa.
3. Redução de horas extras
Uma vez que as pessoas são mais produtivas, também não é necessário que elas façam tantas horas extras para terminarem suas tarefas. Com isso, a organização pode reduzir custos com o pagamento de encargos e com a própria manutenção do espaço físico (água, energia elétrica etc.).
Horas extras foi o principal tema das ações trabalhistas de 2018
4. Colaboradores mais satisfeitos
Com uma rotina mais organizada, que permite a conciliação da vida pessoal com a profissional e a adequação ao ritmo de cada um, os funcionários ficam mais felizes no seu trabalho. Além disso, eles ficam mais satisfeitos com a própria empresa, por perceberem uma preocupação dela em oferecer mais bem-estar e qualidade de vida.
5. Retenção de talentos
Em consequência, os colaboradores mais satisfeitos dificilmente vão deixar a organização. Isso contribui para a retenção de talentos, reduzindo custos com a seleção e o treinamento de novos profissionais.
6. Melhora do clima organizacional
Trabalhadores mais produtivos, felizes e satisfeitos só ajudam a melhorar o clima da companhia como um todo. Dessa forma, cria-se uma cultura colaborativa, em que as pessoas contribuem ainda mais para o sucesso do negócio.
Como é possível adotar esse modelo?
Apesar de ser bastante vantajosa, a flexibilização do trabalho não deve ser adotada indiscriminadamente. A empresa corre o risco de perder o controle sobre seus funcionários, tendo resultados contrários ao esperado. Portanto, confira um passo a passo para aderir a esse modelo.
Conheça a sua empresa
O primeiro passo é estudar bem todos os processos e a infraestrutura da empresa. É necessário avaliar se é possível ter um horário mais flexível e em que setores e para quais profissionais. Em muitos casos, é importante fazer algumas mudanças na infraestrutura, ainda que não sejam obrigatórias.
Entenda o perfil dos colaboradores
Em seguida, é hora de verificar quais funcionários gostariam desse modelo e podem trabalhar em horário flexível. É bom destacar que nem todos se adaptam a esse modo de trabalho, por gostarem de uma rotina mais rigorosa. Já algumas funções pedem mais rigidez, por serem necessárias para o funcionamento da organização.
Faça um período de transição
Para saber se a ideia vai dar certo, pode-se mudar aos poucos. Dá para testar com um ou dois setores primeiro e expandir de acordo com os resultados. Nesse tempo, é importante avaliar se está dando certo e realizar alguns ajustes, caso seja necessário, pois não existe um padrão para o horário flexível. Ele deve se adequar às necessidades da organização e dos seus funcionários.
Estabeleça regras
Ora, a flexibilização também não significa que cada profissional vai entrar e sair quando quiser. Por exemplo, mesmo que ele seja mais produtivo na madrugada, não dá para ele trabalhar esse horário se não é o de funcionamento da empresa. O recomendável é estabelecer limites e regras, conforme o que for mais conveniente para a organização e a equipe de trabalho.
Mantenha um controle
O maior problema da flexibilização do trabalho pode ser a empresa perder o controle sobre a frequência dos colaboradores. Para evitar que isso aconteça, é bom adotar medidas mais rigorosas, como um ponto eletrônico, que permite acompanhar a entrada e a saída de cada um diariamente, e um software de gestão de tarefas, que facilita o monitoramento de prazos de entrega.
Conscientize a equipe
Mas de nada adianta tentar implementar o horário flexível sem a adesão dos seus funcionários. Por isso, é fundamental conversar e ouvir a opinião deles. Também é importante realizar treinamentos sobre as mudanças, inclusive das ferramentas de controle, orientando sobre essas vantagens. Pode-se, ainda, estipular regras e punições para quem descumprir o que for combinado.
De qualquer forma, vale a pena estudar a flexibilização do trabalho e verificar se ela é viável para a sua organização. Portanto, converse com os seus trabalhadores, pois, se for implementada corretamente, essa prática pode ser muito vantajosa.
Por Renato Xavier, Diretor de Operações da Cesta Nobre