O conceito de inovação tem sido recorrentemente utilizado em diversas situações e inúmeros contextos, correndo o risco de se tornar mais um modismo. Para que isso não ocorra, é importante definir muito bem como pode ser conduzida a prática da inovação.
Na região de Campinas, em que predominam atividades de indústria, comércio e agronegócio, a inovação também precisa ser implementada pelas empresas interessadas em liderar processos de transformação que as tornem mais competitivas e bem preparadas.
O assunto é atual e relevante considerando que, de acordo com o Índice de Transformação Digital da Dell, só 6% das empresas brasileiras são líderes digitais, com esse processo enraizado no negócio. Apenas 33% estão avaliando soluções e destinando algum recurso para isso, 22% não têm programa de investimentos para a transformação digital e 2% são retardatárias nesse quesito.
Outro dado é que, segundo pesquisa recente do Gartner, apenas 64% dos CEOs têm algum tipo de estratégia digital. Contudo, enquanto 54% estão focados em transformar o próprio negócio, para 46% a ambição digital está em otimizar o negócio existente.
Esses e outros temas foram recentemente discutidos em um fórum prático realizado na região de Campinas que avaliou a inovação em termos de entendimento, problemáticas e ações desenvolvidas.
Entre as dificuldades principais, há um cenário de pouca colaboração interna, falta de foco no atendimento aos clientes, dificuldades em lidarem com riscos, imprevisibilidade de ações, pressão por receita no curto prazo e dificuldade de escolha de tecnologias diante de tantas ofertas disponíveis.
Além desses, outros problemas foram identificados: alto custo de inovação em processos, dificuldade de engajamento da liderança e de mudança da cultura organizacional.
Os desafios só serão superados quando as empresas absorverem algumas recomendações. Entre elas, está a criação de uma área de inovação independente, a realização de testes que gerem menos riscos, o uso de dados para tomadas de decisões em benefício do cliente, a colaboração com redes externas, parcerias estratégicas e fontes de financiamento que custeiem a inovação.
Para resultados mais assertivos, sugere-se a criação de ferramentas simples que facilitem processos e estimulem o planejamento, a criação de rituais diários para a mudança de cultura, a integração de equipes multidisciplinares e a cocriação com clientes.
Para entregar valor, gerar resultados práticos e ganhos reais, a prática da inovação tem que estar presente no cotidiano das organizações. Nesse sentido, é cada vez mais importante que as empresas da região de Campinas encontrem soluções com seus clientes e utilizem métodos e ferramentas que, de acordo com cada ritmo, apetite e necessidade, façam realmente a diferença em termos de inovação e a competitividade.
A jornada da transformação digital será implacável e as empresas que estão otimizando negócios e criando modelos de negócios disruptivos sabem como inovar na prática. A tecnologia já está mais do que disponível, resta apenas utilizá-la adequadamente.
*Fernando Aguirre é sócio de Mercados Regionais da KPMG no Brasil. **Fábio Munakata é gerente sênior de Inovação e Transformação Digital da KPMG no Brasil