Você já se perguntou como ser um bom líder? A verdade é que não existe um único caminho ou uma única forma de liderar. Diferentes modelos podem ser seguidos e o da liderança situacional é um dos que você precisa conhecer.
Quando falamos sobre o que é liderança, chegamos à conclusão de que se trata da capacidade de inspirar os funcionários a fazer seu trabalho da melhor forma possível, entendendo seu papel dentro da empresa. Algo que difere da ideia de chefiar apenas dando ordens e cobrando resultados.
Uma das maneiras de inspirar é sabendo se adequar à situação, o que nos leva à liderança situacional. Continue a leitura para saber mais!
O que é liderança situacional
Já há alguns anos, as análises sobre o futuro do trabalho e do perfil ideal dos trabalhadores apresenta listas com soft skills, habilidades não-técnicas que são altamente desejáveis.
Entre as soft skills comumente listadas, a flexibilidade aparece em destaque. Para a empresa, o funcionário deve ser flexível para que seja capaz de lidar com adversidades, se adaptar em momentos de crise e conseguir inovar.
Você já parou para pensar nessa característica em alguém que exerce liderança? Por vezes, pode parecer que são os liderados quem precisam se ajustar aos padrões da empresa e ao perfil de seus superiores. Na liderança situacional, porém, o líder também precisa se ajustar.
A liderança situacional se refere a: “quando o líder ou gerente de uma organização deve ajustar seu estilo para se encaixar ao nível de desenvolvimento dos seguidores que ele está tentando influenciar”.
Sendo assim, neste modelo de liderança que foi desenvolvido por Kenneth Blanchard and Paul Hersey, é o líder quem deve mudar seu estilo e não seus liderados. A mudança tem por objetivo permitir que esse líder seja capaz de atender as necessidades daqueles com os quais trabalha a cada momento.
O contexto da empresa e a liderança situacional
Quando Blanchard e Hersey desenvolveram a teoria da liderança situacional, consideraram que um líder capaz de se ajustar, de mudar com base nas circunstâncias, é o ideal.
Isso porque quando o líder tem seu estilo definido e o segue em qualquer situação, eventualmente, pode acabar comprometendo a tomada de decisões e os resultados. Diferente disso, a mutabilidade o permite adotar diferentes estilos e técnicas para tirar máximo proveito da capacidade de sua equipe.
Dessa forma, a liderança situacional se mostra bastante adequada, sobretudo em momentos de crise. É quando a empresa mais necessita buscar saídas que as consequências da adaptabilidade do líder se tornam mais expressivas. Em outras palavras, é nessas horas que a capacidade de se ajustar ao contexto para melhor motivar os liderados se faz mais valiosa.
Com isso em mente, é interessante saber que os criadores desse modelo não apostam na existência de uma liderança como melhor do que outras. Ao invés disso, compreendem que um estilo ou forma de liderar pode ser melhor em determinado contexto, sendo substituído tão longo mudanças ocorram.
A importância da atenção ao contexto
A atenção ao contexto implica em uma análise profunda. Não basta que o líder identifique, por exemplo, se há ou não um momento de crise que a empresa precisa encarar.
Entender o contexto também significa entender a que o líder deve se adaptar. Para tanto, é preciso considerar dois fatores: 1. a maturidade dos colaboradores ou da equipe envolvida na tarefa e; 2. os detalhes da tarefa em questão.
Como veremos adiante, a liderança situacional tem diferentes estilos em que o líder decide se vai colocar mais ênfase nas pessoas ou nas tarefas, e vice-versa. Por essa razão, a atenção ao contexto se faz necessária para que a atuação do líder seja adequada e estratégica.
Por que é o líder quem deve se adaptar
Antes de falarmos sobre os estilos da liderança situacional, é válido fazer um esclarecimento sobre a razão pela qual é o líder quem deve se abrir para mudanças.
Os melhores profissionais que você já conheceu em sua vida têm limitações. Um bom líder sabe disso e entende que um de seus papéis é justamente conhecer os pontos fracos e pontos fortes de cada liderado. Assim, sabe como motivá-los e como explorar o que eles têm de melhor a oferecer.
Em uma situação de crise, porém, pode ser desgastante e contraprodutivo tentar administrar os talentos de cada liderado para direcioná-los a atuar de forma diferente para tentar conquistar os resultados. Pode ser mais prático entender como agir com as “ferramentas”, ou seja, com o capital humano que já está disponível.
A partir do momento em que o líder passa a ser flexível, deixa de buscar formas de fazer com que os liderados se encaixem em seu próprio perfil ou estilo de liderança. Ao invés disso, se abre para entender como pode se adequar para aproveitar ao máximo as habilidades de cada profissional e de suas equipes.
Especialmente em momentos que pedem mais urgência, é mais vantajoso saber o que fazer para trabalhar bem com aquilo o que se tem. Algo que também se traduz em oportunidade para conhecer melhor o potencial do capital humano da empresa.
Em qualquer situação, porém, entender como se ajustar para tirar o máximo de proveito dos liderados faz toda a diferença para o sucesso da estratégia de liderança.
Características do líder para seguir este modelo
Já está bem claro que a flexibilidade é fundamental para quem quer aplicar o modelo de liderança situacional. A capacidade de análise ou de visão para entender o contexto da empresa e os recursos de que dispõe também é importante ao líder.
Além disso, há outras três características que precisam ser destacadas. Como você vai perceber, são características também valorizadas em outros modelos de lideranças.
Falamos da capacidade de resolver problemas, de orientar profissionais e equipes e de conquistar e transmitir confiança aos liderados. Somente dessa forma um líder é capaz de exercer influência de forma efetiva.
Os estilos de liderança situacional
O líder deve decidir como trabalhar bem com os recursos de que dispõem, em outras palavras, com aquilo o que os liderados têm a oferecer frente ao momento da empresa. Para isso, precisa escolher o estilo de liderança situacional mais adequado.
Considerando que o líder é quem deve se adaptar às necessidades de seus liderados, é preciso ter em mente as seguintes combinações sobre seu nível de desenvolvimento (D):
- D1: baixa competência, alto nível de comprometimento;
- D2: competência intermediária, baixo nível de comprometimento;
- D3: alta competência, comprometimento de nível variável;
- D4: alta competência, alto nível de comprometimento.
Em seus estudos, Kenneth Blanchard and Paul Hersey também criaram quatro quadrantes para representar os estilos possíveis de liderança. A escolha entre eles vai depender daquilo o que o líder considera crucial para conduzir bem seus liderados e alcançar os resultados desejados.
Os estilos são indicados pela letra (S), quando em inglês ― em referência a style ― e pela letra (E) na adaptação para o português. Lembre-se de que falamos na adoção de técnicas em que o líder oferece aos liderados aquilo o que eles mais precisam. Veja:
- E1 – Direção: neste nível ou estilo de liderança situacional, temos profissionais ou equipes que não estão preparados para agir com autonomia. Diferente disso, eles precisam aprender como executar a tarefa e ter acompanhamento constante para executar cada um de seus processos.
Isso significa que cabe ao líder dizer aos seus liderados o que deve ser feito e como deve ser feito. É, basicamente, uma situação de comunicação unilateral em que o direcionamento parte daquele que tem a missão de apontar o caminho a ser seguido e caminhar junto.
Perceba que, quando falamos em acompanhamento, fazemos referência a uma supervisão atenciosa e constante. O líder deve estar presente, ensinando cada passo a ser dado;
- E2 – Orientação: já neste estilo, o profissional ou equipe liderada tem mais conhecimento e autonomia. Sendo assim, os liderados ainda precisam de orientação, mas estão preparados para contribuir um pouco mais.
Por essa razão, cabe ao líder dar espaço para que a equipe se sinta mais motivada a se envolver. Para tanto, deve fornecer feedbacks constantes e fazer convite ao diálogo, permitindo que os liderados também apresentem seus feedbacks e ideias.
A supervisão neste caso segue constante porque, do contrário, o líder não seria capaz de conduzir um diálogo construtivo. Ainda, cabe a ele tomar as decisões finais, porém sem se esquecer de que os liderados não precisam ser dirigidos, e sim orientados para darem seus passos com mais autonomia;
- E3 – Apoio: quando o que os liderados precisam é de apoio, significa que têm um nível de desenvolvimento maior, mas pode ser que ainda lhes falte algo.
Aqui, profissionais e equipes têm autonomia para conduzir os processos, mas cabe ao líder incentivar, apoiar seus liderados para que mantenham o bom desempenho no cumprimento da tarefa.
Assim sendo, o líder permanece atento, mas seu papel de supervisor tem destaque bem menor já que, neste nível, é dado aos profissionais e equipes mais respaldo para se responsabilizar pela condução dos processos;
- E4 – Delegar: este é o estilo em que o líder está mais “distante” da cena, aquele em que os profissionais ou equipes precisam menos do acompanhamento atencioso e constante da liderança.
Com funcionários em um nível de maturidade mais elevado, quem lidera não precisa acompanhar os processos, decisões e ações tão de perto. Portanto, o distanciamento está associado ao fato de que o líder tem mais liberdade para delegar, sabendo da capacidade dos profissionais ou equipes para conduzir corretamente a tarefa.
Como escolher o estilo certo de liderança situacional
Talvez você tenha percebido que de E1 a E4, existe uma evolução no nível de maturidade e desenvolvimento dos profissionais e equipes. Algo que implica na necessidade ou não de um envolvimento mais atencioso e constante do líder.
O ideal é que equipes com baixo desenvolvimento ou com baixo nível de comprometimento sejam, gradativamente, capacitadas e motivadas a elevar suas avaliações.
Em todo caso, é dever do líder combinar desenvolvimento (D) e estilo (E) com base no contexto identificado a cada momento.
Assim, é possível compreender, por exemplo, que uma equipe com bom nível de desenvolvimento, mas comprometimento insuficiente pode responder bem à estratégia do “apoio”. Isso porque teria a oportunidade de aproveitar seus conhecimentos para participar da definição de processos, recebendo o incentivo constante do líder.
Deveres do líder com base neste modelo de liderança
Sabendo de tudo isso, observe que a liderança situacional é diferente de outros modelos porque incorpora técnicas variadas. Ao invés de seguir sempre em uma determinada direção, a liderança situacional pode ter caminhos diferentes a cada momento, sempre dependendo do contexto da empresa.
Para aplicar a liderança situacional com sucesso, independente do estilo, é dever do líder conhecer bem cada um de seus funcionários. Assim, vai saber como classificá-los de acordo com seu nível de desenvolvimento e comprometimento.
Com base nisso, o líder deve se adequar ao estilo de liderança que seja compatível com o contexto de momento da empresa. Quanto a isso, é interessante frisar o porquê de destacarmos tanto a questão do momento.
A evolução do nível de maturidade e desenvolvimento das equipes é algo que a liderança deve almejar e buscar. Sendo assim, também é dever do líder identificar os pontos fracos de cada profissional ou grupo para adotar estratégias que favoreçam seu aprimoramento.
Ainda, é válido considerar que seres humanos são complexos. A liderança situacional também tem foco nas tarefas a serem executadas. Dessa forma, o líder deve ter em mente que um mesmo profissional pode ter um nível de maturidade elevado para determinada atividade, mas nível insuficiente para outras.
Com isso, a ideia de analisar o contexto de forma mais profunda se mostra ainda mais importante para o sucesso na escolha da estratégia e em sua condução.
Vantagens da liderança situacional
Até este ponto da leitura, esperamos que você já tenha entendido o que é liderança situacional e como ela se aplica. Agora, para seguir informando você sobre esse assunto, temos algumas vantagens relacionadas à adoção deste modelo de gestão.
É simples de implementar
Dizer que a análise profunda é necessária pode dar a entender que a adoção da liderança situacional é complexa. Aqueles que acreditam neste modelo, porém, entendem que ele pode ser bem simples.
Isso porque, ainda que determinantes, são poucos os fatores que devem ser levados em conta: a maturidade ou o nível desenvolvimento da equipe e a tarefa a ser executada.
O fator complicador que pode existir é o perfil do próprio líder. Se não há disposição para abandonar um estilo rígido de atuação, em outras palavras, se falta flexibilidade, realmente não será fácil se adaptar ao que este modelo de liderança propõe.
Por outro lado, se a disposição à adaptabilidade existe, outras vantagens podem ser colhidas. A liderança situacional é considerada intuitiva. A visão do líder com base em seus conhecimentos sobre os liderados e a tarefa o permitem entender, quase naturalmente, como se posicionar.
Otimiza a comunicação e flexibiliza a rotina
Para entender qual estilo de liderança situacional aplicar, o líder não precisa ter conhecimento acerca de tudo e de todos de antemão. O diálogo e as trocas que fazem parte de uma boa liderança ajudam na construção do entendimento do contexto e das características de cada profissional.
Sendo assim, gradativamente, a aplicação da liderança situacional permite que o líder conheça melhor os desafios enfrentados pela sua equipe, assim como a rotina da organização. Como consequência, passa a ter condições para melhor direcionar mudanças, flexibilizando essa rotina e deixando-a mais adequada.
Tudo isso ainda contribui para que todos os envolvidos, líder e liderados, entendam a importância de uma boa comunicação. Isso os incentiva a manter o diálogo e buscar formas de transmitir ideias e orientações de forma mais clara e objetiva.
Favorece a confiança e o desenvolvimento pessoal
Se a ideia do líder, além da realização das tarefas, é contribuir para melhorar o nível de maturidade de suas equipes, ele precisa atuar para isso. Gradualmente, deve ir preparando os funcionários para precisar menos de direcionamentos e atuar bem com mais autonomia.
Para tanto, é preciso estabelecer uma relação de confiança. É isso o que dá aos profissionais a segurança de que podem agir conforme seus conhecimentos, sabendo que não serão repreendidos, mas sim incentivados.
Uma das consequências da promoção dessa mentalidade é o desejo pelo auto aperfeiçoamento, ou seja, pelo desenvolvimento pessoal ― algo que torna mais valioso o capital humano de uma empresa.
Torna as equipes mais fortes e capazes
Ainda que seja aplicável em diferentes contextos, a liderança situacional é especialmente direcionada à contextos de crise. É possível encará-la como uma forma de organização, uma estratégia que ajuda profissionais a cumprir suas funções da melhor maneira possível e superar o momento de dificuldade.
O papel do líder é conseguir que profissionais e equipes dêem o seu máximo. Algo que ajuda a fortalecer a noção coletiva de suas capacidades, sobretudo com base no trabalho em equipe.
Ao superar um momento de crise, as equipes se tornam mais fortes e capazes de ter um alto rendimento em momentos mais propícios.
Favorece resultados e o crescimento profissional
A liderança situacional é a que permite ao líder adequar seu estilo à cada grupo de pessoas e circunstâncias com as quais se envolve. Assim, além de favorecer os resultados da empresa, este modelo também se destaca por contribuir para a versatilidade e desenvolvimento do profissional que exerce a liderança.
Conteúdo Original Blog Tangerino