Você sabia que existem diferentes tipos de remuneração que uma empresa pode utilizar? Cada sistema pode produzir um efeito diferente como atrair talentos, reter profissionais ou incentivar a conquista de metas, nesse artigo vamos conhecer os principais.
Atualmente, o salário não é o mais importante para os funcionários e fatores como a possibilidade de crescimento na carreira chamam mais a atenção. Entretanto, todos gostam de ser devidamente valorizados e saber como remunerar é algo que pode dar ao profissional o estímulo que ele precisa para se manter engajado com seu trabalho.
Com isso em mente, uma empresa se beneficia ao conhecer os tipos de remuneração para definir o que melhor se adéqua ao seu perfil, objetivos e quadro de funcionários. Siga em frente para saber mais!
O que é remuneração
Antes de falarmos sobre os principais tipos de remuneração existentes, convém esclarecer sobre o que estamos falando. Isso porque, não raro, pessoas confundem salário e remuneração ou ainda, pensam que não há diferenças entre esses dois conceitos.
Salário é a quantia paga pelo empregador ao trabalhador pela prestação de serviços. Tal quantia, referida como salário base, é o valor definido por meio do contrato firmado entre as partes. Por lei, não pode ser menor que o salário mínimo vigente ou que o piso salarial estabelecido para a categoria.
Sobre o que é salário, o artigo 458 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) diz o seguinte:
“Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações ‘in natura’ que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado”.
Já a remuneração é a soma de todos os valores que o trabalhador deve receber, incluindo o seu salário. É o que diz o artigo 457 da CLT: “Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber”.
Sendo assim, a remuneração também inclui o valor devido pelas horas extras trabalhadas, pelo descanso semanal remunerado o referente ao pagamento de adicionais e o de eventuais comissões ou bonificações.
Tipos de remuneração que sua empresa pode utilizar
Uma empresa deve conhecer os principais tipos de remuneração existentes para que possa escolher aquele que melhor se adéqua à sua realidade. Sistemas tradicionais estão sendo deixados de lado para acompanhar o dinamismo do mercado.
Apesar disso, não vale a pena mudar de uma forma de remuneração para a outra só para acompanhar o que empresas ditas “modernas” estão fazendo. Conhecer os diferentes tipos de remuneração e avaliá-los cuidadosamente é o que leva a uma decisão apropriada.
Remuneração funcional
A remuneração funcional é também conhecida como plano de cargos e salários. Trata-se do tipo de remuneração mais tradicional e, por isso, é muito comum nas empresas.
Neste sistema, a remuneração é relacionada ao cargo. Para a definição do valor, a empresa faz uma pesquisa no mercado para saber como remuneram as outras organizações e ainda, uma análise interna baseada em todos os cargos que a compõem.
A remuneração funcional promove um equilíbrio entre os salários praticados pela empresa e por suas concorrentes. Uma consequência possível é que o dinheiro não seja, por si só, fator que pese na decisão de um profissional quanto a trabalhar para a empresa em questão ou para outra do mesmo mercado.
Outro ponto é que este tipo de remuneração também leva à igualdade de salários dentro da empresa: pessoas com o mesmo cargo recebem a mesma quantia ― desconsiderados eventuais descontos ou acréscimos variáveis. Assim, cria-se entre os funcionários o entendimento de que o empregador é justo para com todos por não fazer diferenciações que não se justificam.
Remuneração por habilidades
A remuneração por habilidades, por sua vez, é um sistema que permite que funcionários em um mesmo cargo tenham ganhos diferentes. Isso porque garante acréscimos na remuneração com base em habilidades comprovadas por contrato. Esta é uma interessante escolha para o empregador que entende a importância de valorizar o seu capital humano.
O funcionário que faz um curso de especialização, por exemplo, tem remuneração maior do que outro que não esteja estudando ou não tenha concluído curso similar. Sendo assim, trata-se de um tipo de remuneração que incentiva o trabalhador a buscar qualificação. Algo que faz com que a empresa tenha em seus quadros profissionais mais preparados.
Dessa forma, a empresa também tende a reduzir o turnover. O incentivo ao desenvolvimento profissional, sobretudo quanto atrelado a um plano de carreira, faz com que o funcionário queira permanecer na empresa. Com isso, ao invés de precisar buscar alguém no mercado, o empregador pode preencher lacunas com seu próprio pessoal.
Remuneração por competências
A remuneração por competências guarda similaridades com a remuneração por habilidades, mas há algumas diferenças. Trata-se de um sistema em que cada funcionário é remunerado com base em suas próprias competências, o que também pode levar a valores diferentes.
Este tipo de remuneração é mais aplicado a cargos operacionais e, como haveria de ser, também é preciso que tais competências sejam comprovadas. A principal diferença está na análise que o empregador precisa fazer para definir quais competências devem ser valorizadas pela empresa.
Assim sendo, com base na natureza da atividade, do modelo de negócios e de outros fatores relevantes, a empresa precisa descobrir quais competências realmente acrescentam. São essas as que devem ser tomadas por base para a definição da remuneração.
Salário indireto
O salário indireto é um tipo de remuneração que pode ser visto tanto de forma positiva, quanto negativa. Trata-se dos benefícios que são oferecidos pelo empregador como parte da remuneração total: plano de saúde, previdência privada, seguro de vida, transporte, auxílio-creche e outros.
Há casos em que esses benefícios representam uma parcela significativa da remuneração do trabalhador. Alguns enxergam esses benefícios com bons olhos, considerando-os até mesmo como fator decisivo para o ingresso ou permanência em uma empresa. Outros não têm a mesma percepção.
É comum que o salário indireto seja estabelecido sem que o funcionário possa manifestar suas preferências. Em outras palavras, o beneficiado não tem o direito de escolher quais benefícios gostaria de receber como parte de sua remuneração.
Quando isso acontece, é possível que o trabalhador sequer veja valor real no que a empresa lhe oferece. Para entender melhor, basta considerar o auxílio-transporte sendo concedido a um funcionário que vai a pé para o trabalho e preferiria ter um auxílio-creche, mas não pode fazer a troca.
Remuneração variável
A remuneração variável é composta por uma parte fixa e de um complemento que varia de acordo com o cumprimento de determinados requisitos por parte do trabalhador. Desempenho, atitudes e outros critérios podem ser considerados para determinar as possibilidades de aumento da remuneração.
Este é um tipo de remuneração que se adéqua principalmente em casos em que a empresa prefere pagar por trabalho feito. Uma tapeçaria, por exemplo, pode definir quanto pagar a seus funcionários com base na quantidade de peças produzidas por cada um.
Quanto a isso, é interessante destacar o artigo 78 da CLT que diz o seguinte: “Quando o salário for ajustado por empreitada, ou convencionado por tarefa ou peça, será garantida ao trabalhador uma remuneração diária nunca inferior à do salário mínimo por dia normal da região, zona ou subzona”.
Sendo assim, o empregador que optar pela remuneração variável precisa saber que não é possível pagar menos do que o salário mínimo, tampouco estabelecer um acordo de compensação. Dessa forma, se um funcionário produzir abaixo do esperado, não pode sofrer nenhum tipo de desconto em um mês em que sua produção for acima da média.
Participação acionária
A participação acionária é um sistema de remuneração variável que costuma ser aplicado a cargos de gestão. Em pequena ou maior escala, uma fração da empresa é oferecida por meio de quotas ou ações ao funcionário.
Trata-se de um tipo de remuneração bastante estratégica porque faz com que a remuneração do profissional em questão esteja atrelada aos resultados da empresa. Assim, pode servir como um incentivo capaz de propiciar o crescimento dos negócios.
Por outro lado, a participação acionária deve ser cuidadosamente analisada antes de ser adotada. Ao conceção de uma parcela da empresa a um gestor também pode ter efeito contrário ao esperado caso este acabe tendo um desempenho ruim que afete os resultados.
Ainda que o profissional saiba que sua própria remuneração está atrelada a esses resultados, quem mais tende a perder com qualquer depreciação da empresa é seu dono.
Premiações e comissões
As premiações e comissões também são um tipo de remuneração variável. Merecem ser mencionadas separadamente devido ao seu reconhecido poder de motivação dos funcionários que pode levar a empresa a melhorar seus resultados.
A premiação é uma contrapartida oferecida quando um trabalhador ou uma equipe atinge uma meta que lhe foi apresentada. Pode se dar tanto em forma de benefício financeiro como de uma experiência como, por exemplo, uma viagem com todos os custos pagos pela empresa.
Por sua vez, as comissões são acréscimos garantidos a cada nova conquista atrelada ao negócio: uma nova venda, fechamento de um novo contrato e outros. Com isso, as comissões costumam ser mais recorrentes, influenciando a remuneração constantemente, enquanto as premiações podem ser mais pontuais.
Previdência complementar
A previdência complementar, também conhecida como previdência privada, é um tipo de remuneração estratégica muito bem-vista pelos trabalhadores. Trata-se de um sistema que funciona como um complemento da aposentadoria oferecida pelo governo.
Em parceria com a empresa, o funcionário tem acesso a um plano de previdência para realizar aportes mensais. Uma das situações mais interessantes é o da contribuição conjunta. Cada trabalhador tem direito a escolher qual percentual de seu salário deseja destinar à previdência, enquanto a empresa contribui com o mesmo tanto.
Cada plano de previdência complementar tem suas regras. O objetivo é a criação de um fundo de reserva ao qual o trabalhador terá acesso com base nas regras estabelecidas via contrato.
Alternativas criativas
As alternativas criativas são um tipo de remuneração muito adotado para empresas que desejam motivar seus funcionários e criar um clima organizacional melhor.
Tais alternativas podem ser feedbacks positivos em público, jantares oferecidos aos funcionários e sua família, ingressos para eventos de interesse, passagens de avião e mais. Também podem ser incluídos ganhos relacionados ao trabalho, por exemplo, a participação em um projeto especial, um bônus ou prêmios.
Como escolher o tipo de remuneração adequado
Descobrir qual é o melhor tipo de remuneração para a sua empresa não é algo pode ser feito considerando apenas o sistema que lhe pareceu mais interessante. Para evitar decisões equivocadas, é preciso analisar cuidadosamente o perfil da empresa e seu quadro de funcionários.
No que diz respeito ao quadro de funcionários, nos referimos aos modelos de contrato vigentes e outros fatores que tenham influência legal na definição da remuneração adequada. Com isso, também é preciso consultar a legislação trabalhista e entender os deveres e desdobramentos de cada escolha.
Também é necessário que a empresa busque entender como a decisão vai impactar os funcionários e sua forma de se relacionar com a empresa e o trabalho.
A cautela se faz necessária porque você certamente não vai querer, sobretudo em curto prazo, implementar uma nova mudança para corrigir uma escolha equivocada. Seja qual for o tipo de remuneração escolhido, este vai passar a compor a cultura organizacional e permear seus diversos setores.
Com essa reflexão, podemos seguir para alguns fatores que podem ajudar a sua empresa a escolher o tipo de remuneração adequado. Acompanhe!
Observe os objetivos de cada remuneração
É provável que você tenha reparado que cada tipo de remuneração se encaixa a objetivos distintos. Em alguns casos, a reflexão quanto a isso parece bem óbvia. Por exemplo, pode não ser interessante optar pela remuneração variável se sua empresa não tem como contabilizar os projetos feitos por cada funcionário, como no caso mencionado da tapeçaria.
Em outras situações, porém, deve-se fazer um estudo das alternativas para entender qual atende àquilo o que a empresa realmente busca. É mais adequado remunerar por habilidades ou estabelecer um sistema de premiações por metas alcançadas?
Avalie o plano de cargos e salários existente
Como você pode ver, alguns tipos de remuneração permitem ganhos diferentes para funcionários em um mesmo cargo. Com isso em mente, fica fácil entender que a empresa não pode tomar uma decisão sem avaliar se a mudança vai ser adequada ao seu plano de cargos e salários.
Um funcionário que esteja cursando especialização pode ter remuneração mais alta, mas não pode ganhar mais do que alguém que esteja em cargo hierarquicamente superior. Por isso, é preciso analisar com atenção para que a estratégia funcione bem.
Considere a imagem da empresa
A empolyer branding é a visão que os funcionários têm da empresa, algo que influencia a forma como a marca dessa empresa é percebida no mercado.
O salário indireto é um bom exemplo do porquê você precisa pensar na imagem da empresa antes de tomar uma decisão. Como vimos, esse sistema tem pontos negativos e positivos bem definidos e nos mostra como a escolha de um tipo de remuneração pode impactar a percepção dos funcionários e do meio no qual a empresa está inserida.
Isso nos leva a outra dica que é buscar um sistema seja vantajoso para todos. A escolha estratégica do tipo de remuneração não deve considerar apenas a possibilidade de redução de gastos.
Em muitos casos, o sistema direciona para uma situação de “ganha-ganha” em que o funcionário recebe mais ao dar mais resultado para a empresa. Uma escolha interessante, mas inadequada ao quadro de funcionários pode acabar não gerando o efeito esperado.
Faça cálculos e avalie as despesas
Assim como a remuneração não pode estar desconectada do plano de cargos e salários, também não pode desconsiderar a capacidade financeira da empresa. Alguns sistemas podem ter custo mais elevado do que os outros e, por essa razão, é preciso encarar a parte burocrática de fazer cálculos e estimativas de gasto.
Por que reavaliar seu sistema de remuneração
Pode ser que, mesmo tendo lido o post até aqui, você não veja motivos para mudar o sistema de remuneração de sua empresa. Inclusive, existe a possibilidade de que qualquer mudança realmente não seja necessária.
Em todo o caso, temos um motivo pelo qual vale a pena fazer uma reavaliação para, quem saber, escolher um novo tipo de remuneração. A questão é que muitos empregadores seguem ideias e práticas reconhecidas como tradicionais sem pensar duas vezes e sem abrir espaço para outras possibilidades.
Como dissemos, a remuneração funcional é mais tradicional e, por essa razão, pode surgir como uma resposta natural ou automática para a definição da forma de remuneração. Com isso, a escolha nem sempre é estratégica.
Ao passarmos pelos principais tipos de remuneração existentes, você viu como eles podem produzir efeitos diferentes. A remuneração por habilidades pode interessar a profissionais que desejam se capacitar cada vez mais e serem valorizados por isso. Por sua vez, a previdência complementar pode atrair e reter nos quadros da empresa aqueles que se preocupam em planejar o futuro.
Uma escolha estratégica é aquela que leva em conta as expectativas que a empresa tem com base nos efeitos que cada remuneração pode produzir. E, claro, aquela que seja adequada a todos os fatores de consideração para a escolha que mencionamos.
Sendo assim, reavaliar o sistema existente para se certificar de sua adequação ou escolher outro tipo de remuneração pode ser um passo determinante para o sucesso de um negócio.
Conteúdo Original Blog Tangerino