Pesquisas apontam transformações na área contábil e no papel dos futuros profissionais.
Na quinta sessão do 45º Simpósio Mundial de Auditoria Contínua e Relatórios (45TH World Continuous Audihing & Reporting Symposium – WCARS), realizado na quarta-feira, 5 de junho, na sede do Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina (CRCSC), em Florianópolis, a PhD Deniz Applebaum, da Feliciano School of Business (New Jersey/EUA), ministrou a palestra “Reasonable Assurance Framework for Ethical AI Systems”. Ela explicou os principais avanços na área de Inteligência Artificial, Reconhecimento Facial, Deep Learning e demais tópicos relacionados.
Na ocasião, a professora destacou a importância dos aspectos éticos e sociais no uso desse tipo de tecnologia. “Inteligência artificial já está presente no nosso dia a dia. A decisão está em saber para quais causas vamos utilizá-la. E existem muitos bons propósitos”, argumentou, citando como exemplo, a aplicação da inteligência artificial na Pecuária.
O Dr. Kevin Moffitt ministrou a palestra da sessão seguinte, “Text Mining in Continuous Audit”. Ele é doutor em Filosofia pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, e professor da Rutgers Business School, a escola de negócios da Universidade Rutgers, de New Jersey (EUA). Kevin também é pesquisador e tem artigos publicados sobre Auditoria Contínua, Big Data, Robótica, Segurança de Dados, Transparência de Dados e eXtensible Business Reporting Language (XBRL).
Em sua fala, o professor comentou como a mineração de dados (ou análise de padrões de dados) pode ajudar a sociedade. Ele exemplificou com algumas chamadas de emergência e como certos padrões de linguagem podem identificar mentiras e suspeitos. “Na Contabilidade, também existem métodos que envolvem a criação de métricas, padrões e dicionários (banco de dados), que ajudariam as empresas a usarem informações de forma inteligente”, ponderou Kevin.
A doutoranda da Rutgers Business School, Abby Zhang, apresentou a pesquisa “Robotic/Intelligent Audit Process Automation (RPA): A New Catalyst for Continuous Audit”, que demonstrou os impactos de tecnologias emergentes, especialmente na automação de processos em Auditoria. Atuando com várias empresas contábeis de médio porte, a pesquisadora sinalizou que na Contabilidade existem muitas tarefas que podem ser realizadas por meio da automação. “A robotização ajuda no fluxo dos trabalhos mais simples, proporcionando aos profissionais tempo para tarefas mais complexas, que exigem inteligência e análise de cenários”, explicou.
Os participantes do WCARS também assistiram a palestra “Public Interest and the use of Technology in Accounting and Auditing”, ministrada por Maria Helena Petterson, consultora independente e membro do Public Interest Oversight Board (PIOB), órgão internacional que supervisiona a Federação Internacional de Contadores (International Federation of Accountants – IFAC), nas áreas de Auditoria, Educação e Ética. Ela também é membro do Conselho da Rutgers Business School e vice presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Contabilidade e Administração (Anefac).
Com 35 anos de experiência na área, a palestrante fez uma análise sobre o futuro da profissão. “As mudanças vão ocorrer e, por isso, é muito significativo ver as pessoas interessadas nas transformações, buscando entender o futuro da nossa profissão”, salientou Maria Helena, frisando que é preciso atualizar as regras de Auditoria. “Não trabalhamos mais com papel e precisamos alterar os processos. Estamos fazendo trabalho braçal sem necessidade”, disse a consultora.
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Case Hering – Process Mining
Na sequência, a nona sessão do evento apresentou o case da Hering, uma das maiores empresas têxteis do Brasil, que vem utilizando processos inovadores de Auditoria. Os aperfeiçoamentos foram expostos pelos auditores da companhia, Alecsandra Carvalho, Aldori Acácio da Silva Filho e Luciane Censon.
Implementando novas formas de Auditoria, a empresa conseguiu alcançar resultados operacionais expressivos, a exemplo da redução de 58% do risco de autuação fiscal; da revisão de 100% de Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) e Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e); do aprimoramento de sistemas; da conferência automatizada; entre outras melhorias.
A necessidade de aperfeiçoar a Auditoria da Hering surgiu de um problema identificado, aleatoriamente, pelo sistema de dados da Secretaria de Estado da Fazenda de Goiás (Sefaz-GO). “A Sefaz-GO realizava os processos de análise de forma inteligente e percebemos que poderíamos utilizar aquele modelo nos cruzamento de dados internamente”, afirmou a auditora Luciane.
Segundo Aldori, o projeto implementado trouxe desafios. “Tivemos, no início, muitas dificuldades, como engajar outros setores da empresa, principalmente o de Tecnologia da Informação. Aprendemos muita coisa sozinhos, mas mesmo com adversidades, conseguimos inovar”, salientou, ressaltando que a importância de o auditor liderar esse tipo de mudança.
Conteúdo Original Jornal Contábil Brasil – Canal R7/Record.